terça-feira, 5 de julho de 2011

O Poder do Mito

De acordo com Martin Claret, "Qualquer que seja a sua natureza, o mito é sempre um precedente e um exemplo, não só em relação às ações - "sagradas" ou "profanas" - do homem, mas também em relação à sua própria condição. Ou melhor: um precedente para os modos do real em geral. Nós devemos fazer o que os deuses fizeram no princípio, "Assim fizeram os deuses, assim fazem os homens." Afirmações deste tipo traduzem perfeitamente a conduta do homem arcaico, mas não se pode dizer que elas esgotem o conteúdo e a função dos mitos: com efeito, uma boa parte dos mitos, ao mesmo tempo que narra o que fizeram in illo tempore os deuses ou seres míticos, revela uma estrutura do real inacessível à apreensão empírico-racionalista. Um grupo importante de tradições míticas fala de "fraternidade" entre deuses e demônios - por exemplo, devas e asuras - de "amizade" ou consangüinidade entre heróis e seus antagonistas - tipo Indra e Namuci - entre santos e mulheres diabólicas - tipo São Sisínio e sua irmã Uerzelia, um demônio-fêmea. O mito que dá um "pai" comum a dois personagens que encarnam os princípios polares sobrevive até nas tradições religiosas que põem a tônica no dualismo, como sucede com a teologia iraniana. O Zervanismo tem Ormuzd e Ahriman por irmãos, ambos descendendo de Zervan, e no próprio Avesta é possível encontrar vestígios de concepção semelhante." O Poder dos Mitos. Volume 26. Editora Martin Claret. São Paulo, P. 15, 16.

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